quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Comparativo: Honda Fit EXL x VW Polo Highline x Fiat Argo HGT

Por Redação


Vocês pediram, nós atendemos! O Volta Rápida preparou um comparativo do último veículo de teste que passou pela nossa redação (o Honda Fit 2018) com as duas principais novidades do segmento de hatches ditos "premium", que são o Fiat Argo e o Volkswagen Polo. Como recebemos a versão topo-de-linha do Fit (de nome EXL), decidimos separar as versões mais caras dos concorrentes que possuem preços próximos, a fim de deixar o comparativo justo para todos. Vamos lá!

Os competidores

Honda Fit EXL

Foto: Yuri Ravitz

O Fit é o mais experiente do trio, pois a atual geração chegou por aqui em 2014 já como modelo 2015, recebendo uma atualização no ano passado que revisou quase tudo; visual, versões e equipamentos. O que não mudou foi o conjunto mecânico, permanecendo o 1.5 i-VTEC flex aspirado de 116cv com transmissão manual de cinco marchas (na versão de entrada DX) ou automática do tipo CVT com sete velocidades simuladas. Os preços aumentaram consideravelmente, mas o Fit ficou mais seguro e equipado do que nunca, se mostrando uma compra mais inteligente que os irmãos City e WR-V, mais caros e sem o mesmo nível de equipamentos.

Volkswagen Polo Highline "200 TSI"

Foto: Divulgação

O Polo já é conhecido de longa data do brasileiro, entretanto, sofreu com a defasagem ao passar dos anos, pois a Volkswagen não trouxe a quinta geração do compacto para cá (lançada em 2009), repetindo o erro que cometeu com o Golf e "requentando" o carro até onde era possível. A concorrência apertou, a VW perdeu a liderança nas vendas e precisou se mexer; trouxe a sexta e atual geração do modelo pouco tempo depois do lançamento mundial, e parece ter tomado a decisão certa, pois o Polo vem subindo nos rankings de vendas desde o período entre final de Outubro e começo de Novembro de 2017, data em que as primeiras entregas começaram. O retorno do Polo chutou Gol e Fox para escanteio, e só o tempo dirá se a estratégia da marca foi a melhor.

Fiat Argo HGT

Foto: Divulgação

O Argo é o mais experiente dos novatos e é, também, o que tem a missão mais complicada: substituir três modelos de uma só vez, que são os finados Palio, Punto e Bravo. Para isso ele conta com uma considerável gama de versões, três opções de motores/transmissões e preços que começam em 47.000 e podem passar dos 80.000 reais. O italiano tem mantido uma boa média mensal de vendas, dançando entre as posições do Top 10 e lutando ao lado do irmão Mobi para recolocar a Fiat entre as marcas prediletas do brasileiro. Potencial ele já mostrou ter, mas será o bastante para ofuscar a concorrência e chegar ao topo?


Dimensões

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Elaboramos uma pequena tabela com as principais especificações de cada um, e aqui já podemos observar onde o japonês, o alemão e o italiano se diferenciam, se destacando ou deixando a desejar. Começando pela arquitetura geral, o Fit se destaca positivamente por ser o mais leve, trazer o maior porta-malas e ser o mais alto e comprido do comparativo, entretanto, o jeitão de minivan afasta muitos potenciais compradores que acham o design careta demais ou com cara de "carro de família" - que de fato é a proposta do Fit. 

O Polo conta com o maior entre-eixos e porta-malas de igual capacidade ao do Argo, mas é o mais baixo dos três e não aproveita tão bem o espaço interno como o Fit, tendo o agravante do elevado túnel central na traseira que compromete o conforto de um eventual quinto passageiro. Já o Argo é o mais curto do trio e também o mais pesado, com 96kg a mais que o Polo; pra compensar, a largura é praticamente a mesma do adversário alemão e a altura total deve pouco ao Fit.


Motor e transmissão

Motor 1.8 E.TorQ amplamente utilizado pelo grupo FCA. Foto: Divulgação

Aqui é onde se encontram as maiores divergências entre os três. Começando pelo Fit, o 1.5 i-VTEC flex aspirado de 116cv não é um exemplo de desempenho, mas tem comportamento satisfatório e consegue ser bem econômico; a transmissão automática do tipo CVT permite a simulação de sete marchas pelos paddle-shifters no volante, bastando colocar a alavanca em S, o que garante maior controle do carro e ajuda em ultrapassagens.

O 1.0 TSI do Polo usa a mesma configuração do Golf, mais potente (e menos problemática) que a do Up!. Apesar de ser o menor motor do trio, é o que tem mais torque e em giro mais baixo, o que torna a condução urbana bastante agradável sem necessariamente ser beberrão. O câmbio automático de seis velocidades permite trocas na própria alavanca ou no volante com paddle-shifters, atuando de forma suave e direta.

O Argo na versão mais cara é, ironicamente, o que traz o motor mais defasado; enquanto os mais baratos trazem os eficientes 1.0 e 1.3 Firefly lançados em 2016, os Precision e HGT trazem o 1.8 E.TorQ de 139cv - um propulsor lançado em 2010. É o mais potente do comparativo, porém, sua alta cilindrada não permite melhores médias de consumo e aqui há uma outra ironia: graças a marcha extra da versão automática, o consumo é melhor do que no manual. Falando nisso, o italiano é o único que pode vir com transmissão manual de cinco velocidades além da automática de seis, permitindo trocas pelos paddle-shifters no volante ou na própria alavanca.


Freios, suspensão e direção

Arquitetura MQB difundida pelo grupo VW. Foto: Divulgação

Aqui as únicas semelhanças entre os três são a presença da direção elétrica e o uso do eixo de torção na suspensão traseira. Todos são fáceis de manobrar e não cansam na condução do dia-a-dia, mas pára por aí; o Fit traz uma suspensão estranhamente dura para um carro com proposta familiar, e é um problema que nem a atualização recente resolveu. Em contrapartida, isso deixa o japonês firme em curvas e mais à vontade na estrada, permitindo ao motorista esquecer que está em um monovolume. As rodas são de 16 polegadas

O Polo tem comportamento suave no geral, mas parece por vezes "solto" em pisos mais esburacados transmitindo uma sensação incômoda de insegurança. É o único do trio que traz freios a disco nas quatro rodas (com sistema de secagem das pastilhas) e bloqueio eletrônico do diferencial, uma tecnologia que atua de forma imperceptível ao motorista transferindo o torque para as rodas de maior tração, conferindo um desempenho surpreendente em trechos sinuosos. O ponto negativo é que os discos nas quatro rodas são exclusividade das versões mais caras Comfortline e Highline.

Já o Argo HGT é o único que traz suspensão declaradamente esportiva, mas não pense se tratar de um carro duro; para o uso cotidiano, o italiano sabe equilibrar e atender tanto motoristas comuns quanto aspirantes a piloto. Assim como o Polo, ele vem com rodas de 16 polegadas mas pode receber aros 17 como opcionais, mais bonitos porém afetando diretamente o conforto. Semelhante ao Fit, o italiano também traz freios a tambor na traseira.


Segurança

Honda Fit se saiu bem tanto no crash test americano quanto no latino. Foto: Divulgação

Segurança ainda é um ponto que o grande público brasileiro em geral não dá muita atenção, mas isso está começando a mudar e os fabricantes já perceberam. A atualização de 2017 trouxe ao Fit os controles tanto de estabilidade quanto de tração de série para todas as versões, além de cintos de três pontos, encostos de cabeça para os três ocupantes atrás e sistemas ISOFIX e Top Tether para fixação de cadeirinhas de crianças; além disso, as últimas baterias de testes de colisão executadas em 2015 tanto pelo americano IIHS quanto pelo Latin NCAP deram cinco estrelas para ele. A versão EXL ainda conta com seis airbags (frontais, laterais e de cortina), mais do que os outros concorrentes do comparativo.

O Polo quis seguir a linha do irmão Up!, garantindo cinco estrelas no Latin NCAP graças aos quatro airbags (presentes de série desde a versão de entrada) e aos controles de estabilidade e tração, que são de série nas versões Comfortline e Highline, mais caras, e opcionais nas mais baratas. Assim como o Fit, dispõe de ISOFIX, cintos de três pontos e encostos de cabeça para os três ocupantes do banco traseiro.

O Argo também dispõe dos itens de segurança sempre bem-vindos, mas é importante fazer algumas ressalvas: controles de tração e estabilidade só vem a partir da versão intermediária Drive 1.3 equipada com câmbio automatizado GSR, algo que não dá pra entender, pois mesmo o Uno pode receber ambos como opcionais desde a versão de entrada. Se quiser airbags laterais (para totalizar 4) precisará escolher a partir da versão Precision 1.8 manual e pagar R$4.700 reais à parte pelo item + o kit Stile, obrigatório na composição. Além disso, o Argo ainda não passou por nenhum crash test, o que impossibilita saber como sua estrutura se sairia em um acidente.


Equipamentos

Painel do Fit EXL. Foto: Divulgação

Por se tratar de versões topo-de-linha, é natural que o pacote tecnológico seja atraente sem a necessidade de opcionais. O Fit é o mais caro dos três da disputa: o EXL vem com vidros elétricos nas quatro portas com um-toque para o motorista, travas e retrovisores elétricos (com rebatimento e repetidor de seta), computador de bordo, luzes diurnas em LED, chave canivete com alarme, ar condicionado digital automático, banco do motorista com ajuste de altura, piloto automático, volante multifuncional com paddle-shifters e ajustes de altura e profundidade, assistente de partida em rampa, multimídia com tela sensível ao toque, GPS, espelhamento para smartphones e conexão Bluetooth, câmera de ré e faróis de neblina.

Além disso, ele é o único a vir com seis airbags e faróis Full LED semelhantes aos do atual Civic Touring, servindo tanto para luz baixa quanto alta. O único opcional que a Honda oferece é a pintura metálica por R$990,00 ou a perolizada Branco Estelar por R$1.290,00.

Painel do Polo só virá assim se o cliente adquirir opcional de R$3.300. Foto: Divulgação

O Polo é o que tem o menor preço-base, o que se traduz em menos equipamentos. O Highline vem de série com vidros elétricos nas 4 portas com um-toque, travas e retrovisores elétricos com repetidor de seta (mas sem rebatimento), multimídia com tela sensível ao toque, Bluetooth e espelhamento com smartphones (mas sem GPS), faróis de neblina, luzes diurnas em LED, chave canivete com alarme, banco do motorista com ajuste de altura, volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, piloto automático, partida por botão, assistente de partida em rampa, sensores traseiros de estacionamento, ar condicionado automático digital com saídas traseiras e porta-luvas com iluminação e refrigeração.

Itens como câmera de ré, faróis e limpadores de para-brisa com acionamento automático, retrovisor interno fotocrômico, painel digital Active Info Display (exclusividade), multimídia com GPS e outros devem ser adquiridos como opcionais; ainda assim, quando equipado com todos os opcionais, o alemão segue custando menos que Fit e Argo.

Assim como o Polo, o painel do Argo só traz determinados detalhes quando equipado com opcionais. Foto: Divulgação

O Argo, por sua vez, repete a boa lista de itens de série. Vem com vidros elétricos nas quatro portas com um-toque, multimídia com tela sensível ao toque, espelhamento com smartphones e Bluetooth (mas sem GPS), computador de bordo, travas e retrovisores com ajustes elétricos e repetidores de seta, ar condicionado convencional, chave canivete com alarme, assistente de partida em rampa, volante multifunção com paddle-shifters e ajustes de altura e profundidade, iluminação ambiente (exclusivo) e luzes de posição dianteiras em LEDs (sem função DRL).

Se quiser equipamentos como sensores traseiros de estacionamento, câmera de ré, ar condicionado digital e rebatimento elétrico dos retrovisores (dentre outros) precisará adquirir pacotes opcionais separados. Quando equipado com tudo que tem direito + pintura perolizada, o Argo sai o mais caro dos três, custando 600 reais a mais que o Fit também equipado com pintura perolizada.


Considerações gerais


Apesar de competirem, os três se mostram propostas bem diferentes que atenderão a perfis distintos. O Fit é o mais familiar graças ao perfil de monovolume, o que confere um melhor aproveitamento do espaço interno (que também é beneficiado pelo sistema de assentos ULTRa SEAT) da cabine ao porta-malas com seus 363 litros, 63 a mais que os concorrentes. O câmbio CVT inibe manifestações esportivas apesar dos paddle-shifters e faz dele um veículo econômico para o dia-a-dia, além de tranquilo de conduzir.

O Polo fica no meio-termo, pois traz linhas limpas sem detalhes chamativos na carroceria ou na cabine. As rodas de 17 polegadas são os elementos mais agressivos que você encontrará caso leve-as como opcionais; no geral é um hatch tradicional com seus dois-volumes bem definidos e uma postura interessante graças a sua altura reduzida, o que o faz parecer mais largo que os concorrentes.

Já o Argo HGT é o que traz o desenho mais ousado, e é voltado a quem deseja um hatch para se destacar na multidão. Além da bela tonalidade Azul Portofino pra carroceria, o italiano traz ponteira esportiva de escape, detalhes vermelhos no exterior, teto/retrovisor/aerofólio pintados de preto (opcional) e arcos em preto fosco nos para-lamas a exemplo do finado Punto T-Jet. Devido ao motor aspirado com as faixas de potência e torque máximos em giro mais alto, o compacto instiga o motorista a esticar mais as marchas caso queira extrair todo o potencial do carro, conferindo uma tocada divertida e semelhante ao que a Renault fez com o Sandero RS, mas sem todo o preparo esportivo dedicado do franco-romeno.


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